Skip to main content


Por que o Brasil não consegue se livrar de novo do mosquito Aedes aegypti?

Do UOL, em São Paulo

 Ouvir texto

0:00
 Imprimir Comunicar erro

  • Moacyr Lopes Junior/Folhapress
    Guerra ao mosquito 'Aedes aegypti' tem se tornado cada vez mais difícil
    Guerra ao mosquito 'Aedes aegypti' tem se tornado cada vez mais difícil
O mosquito Aedes aegypti, transmissor do zika, foi eleito o "inimigo número um do Brasil", segundo o ministro da saúde Marcelo Castro. No entanto, após erradicar por duas vezes o mosquito, o país não consegue mais se livrar do vetor de ao menos mais três doenças: dengue, chikungunya e febre amarela. A razão do Brasil ter conseguido eliminar o mosquito com menos tecnologias não é simples. Sim, houve um relaxamento no combate, mas outros fatores pesam para o Aedes escapar das nossas mãos – neste caso, literalmente.

A ameaça amarela

O combate ao mosquito foi primeiramente realizado na década de 50 contra o então avanço da febre amarela no Brasil. À época, Oswaldo Cruz comandou uma campanha contra o Aedes que terminou por erradicar o inseto em 1958. A ação foi realizada em quase todo o continente americano com sucesso. As poucas exceções, contudo, foram preponderantes para a volta do mosquito.
"Perdemos a guerra para nós mesmos. Contra o Aedes, ganhamos na década de 50, quando foi considerado extinto. Ele não é um bicho nosso, é exótico. Por não ser um bicho nosso, foi possível erradicá-lo na década de 50, menos no sul dos Estados Unidos e algumas pequenas ilhas do Caribe. Não deu outra: em 67, ele entrou no Belém do Pará e em outros países", explicou professor José Carvalheiro, do IEA-USP (Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo), em participação no programa Roda Viva, da TV Cultura, na noite da última segunda (1°).
Realmente o mosquito voltou a assombrar o Brasil nos anos 60, mas novamente a batalha foi vencida – em 1973, novamente a OMS declarava o Brasil livre do inseto. Daí em diante a situação nunca foi controlada.
Betina Carcuchinski/PMPA
O famoso "fumacê" não é mais tão eficaz como antigamente

O Mosquito Contra-Ataca

O retorno do mosquito ao Brasil passa por duas razões principais. Uma é que houve um relaxamento tanto governamental quanto da população em relação ao inseto. Por muito tempo, não se combateu o inseto como se deveria – não à toa, o país completa em 2016 uma data significativa: 30 anos de epidemias sucessivas de dengue. Outra razão para a volta do inseto ao território nacional é uma resistência cada vez maior do inseto ao combate. Sim, atualmente ele é até mais capaz de escapar das suas mãos.
"Hoje em dia não podemos usar os defensivos de antigamente porque se mostraram tóxicos- DDT não se usa mais. Existem outros, menos tóxicos, mas talvez não tão eficazes. O mosquito hoje é mais difícil de matar, por uma seleção natural ele consegue fugir mais, é mais rápido", relatou Jorge Kalil, diretor do Instituto Butantan.
O Aedes também tornou-se mais flexível e resistente, e hoje vive também em temperaturas mais amenas --não apenas em locais quentes-- e pode se reproduzir em águas não tão limpas, explicou o pesquisador. 
São somadas a isso novas doenças que ele é capaz de transmitir – além das já citadas, também é vetor da febre do Nilo ocidental, (ainda) inexistente no Brasil.
A alta urbanização do Brasil nas últimas décadas também ajudou e muito o inseto, tanto para a sua reprodução quanto para a transmissão de doenças em regiões com maior população.
Beto Macário/UOL
Fornecimento de água corrente para a população seria estratégia eficaz a longo prazo contra Aedes

Qual o foco?

Em meio ao combate, uma discussão ronda os meios científicos: o que é melhor, erradicar o mosquito ou manter a população do inseto controlada? Um terceiro viés surge em meio a essas teorias: o combate não deve ser ao mosquito, mas sim aos criadouros, afirma a Abrasco (Associação Brasileira de Saúde Coletiva). Além da simples visitação de casa – o foco a longo prazo deveria ser em ampliar o saneamento básico e acesso à água corrente para a população.
"A posição atual que defendo é a da Abrasco, de que está errado apostar na erradicação e controle dos mosquitos, tem que pensar na eliminação dos criadouros. Isso implica em abastecimento de água contínuo em todas as moradias do país e saneamento", afirmou Carvalheiro.
Por enquanto, o Ministério da Saúde e secretarias manterão a mesma tendência: o apelo à sociedade para que se junte à luta. "Precisamos ganhar a guerra contra o inimigo número um do Brasil: o mosquito Aedes. O governo federal está fazendo o máximo esforço, como nunca foi feito, juntamente com a sociedade. Se juntarmos ministério, secretarias e a sociedade, ganharemos a batalha", disse Marcelo Castro, ministro da Saúde, durante a entrevista no Roda Viva.
Entenderam?
Sem "agrotóxicos". "Primeiro precisamos melhorar o saneamento básico..." Pensamento esquerdista: "...primeiro precisamos melhorar as condições de vida da população e só depois teremos condições de resolver o problema da _______" No espaço você pode colocar: violência, dengue, Zika virus etc...
E tudo que esses românticos propõem tem efeito a longo prazo apenas. É mais ou menos como dizer: façam o que eu digo e me cobrem em 30 anos. Caso não funcione, o aloprado já sumiu e ninguém mais lembra como chegamos ao descalabro atual.
E assim o Brazil vai ficando atolado em problemas sanitários, de Segurança Pública, ....
Triste América Latina.

Comments

Popular posts from this blog

BRASIL Análise: Como um filme pró-golpe (falso!) de 1964 viralizou nas redes sociais Pesquisador descreve os 3 passos da estratégia usada por influenciadores e sites sem credibilidade (veja a credibilidade dele logo abaixo da primeira foto no *) para fomentar a polarização virtual Por  Por Rafael Goldzweig*, especial para EXAME access_time 9 abr 2019, 16h36 - Publicado em 9 abr 2019, 16h03 Exército durante a Ditadura Militar de 1964 (Bettmann / Contributor/Getty Images) *Autor na Iniciação Cientifica da tese "O ingresso da Venezuela no Mercosul: análise dos aspectos políticos e econômicos", onde descreve "... A importância do tema justifica-se pela importância que o bloco adquiriria com a adesão desse novo país, tendo em vista a ampliação dos mercados consumidores e das reservas petrolíferas do bloco." Artigo de Rafael Goldzweig, coordenador de análise de redes sociais na Democracy Reporting International Na última semana, o f...

The great organic myths

Why organic foods are an indulgence the world can't afford They're not healthier or better for the environment – and they're packed with pesticides. In an age of climate change and shortages, these foods are an indugence the world can't afford, argues environmental expert Rob Johnston Thursday, 1 May 2008   Myth one: Organic farming is good for the environment The study of Life Cycle Assessments (LCAs) for the UK, sponsored by the Department for Environment, Food and Rural Affairs, should concern anyone who buys organic. It shows that milk and dairy production is a major source of greenhouse gas emissions (GHGs). A litre of organic milk requires 80 per cent more land than conventional milk to produce, has 20 per cent greater global warming potential, releases 60 per cent more nutrients to water sources, and contributes 70 per cent more to acid rain. Also, organically reared cows burp twice as much methane as conventionally reared cattle...

Nutrition-related health effects of organic foods

Am J Clin Nutr (May 12, 2010). doi:10.3945/ajcn.2010.29269 © 2010 American Society for Clinical Nutrition ABSTRACT Nutrition-related health effects of organic foods: a systematic review 1 ,2 ,3,4 Alan D Dangour, Karen Lock, Arabella Hayter, Andrea Aikenhead, Elizabeth Allen and Ricardo Uauy 1 From the NutritionPublic Health Intervention Research Unit Department of EpidemiologyPopulation Health (ADD AH AARU) the Health Services Research Unit Department of Public HealthPolicy (KL)the Medical Statistics Unit Department of EpidemiologyPopulation Health (EA) London School of Hygiene & Tropical Medicine London United Kingdom. 2 The UK Food Standards Agency had no role in the study design, data collection, analysis, interpretation, or writing of the report. 3 Supported by the UK Food Standards Agency (PAU221). 4 Address correspondence to AD Dangour, Nutrition and Public Health Intervention Research Unit, Department of Epidemiology and Population ...