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09/06/2009

Conspirações transatlânticas (3): os EUA são realmente um país de odiadores de Darwin tementes a Deus?

Der Spiegel
Peter Baldwin
São apenas os europeus que querem salvar o meio-ambiente e apenas os americanos que desprezam Darwin? Na última parte de sua série sobre as diferenças transatlânticas, o historiador americano Peter Baldwin explica por que estes estereótipos não funcionam - e quais são as diferenças reais entre a Velha Europa e os Estados Unidos.

Em um artigo em três partes para a "Spiegel Online", o historiador americano Peter Baldwin argumenta que a União Europeia e os Estados Unidos são mais parecidos do que pensam.

Em termos ecológicos, os Estados Unidos são considerados perdulários - carros grandes, casas grandes, percursos longos de casa ao trabalho, invernos frios, verões quentes, hábitos esbanjadores. Essas percepções do país se somaram ao relacionamento estreito entre o governo Bush e a indústria do petróleo, assim como sua recusa em assinar o Protocolo de Kyoto, para pintar o país como um buraco negro ambiental. Novamente, os números contam uma história diferente.

Apesar do uso de petróleo per capita ser alto nos Estados Unidos, medido em função da produção econômica (em outras palavras, colocando insumo em relação ao produto), ele permanece dentro dos padrões europeus e, na verdade, mais baixo do que em Portugal, Grécia, Bélgica, Luxemburgo, Holanda e Islândia.

Entre 1990 e 2002, a produção americana de dióxido de carbono aumentou, mas por unidade do PIB ela caiu 17% - uma redução maior do que em nove países da Europa Ocidental.

Em seu produto de energia renovável, os Estados Unidos estão no meio do espectro em todas as contagens, seja em biogás, energia da biomassa sólida, geotérmica e eólica. Os gastos americanos (públicos e privados) na redução e controle da poluição, como percentual do PIB, só são superados pela Áustria, Dinamarca, Itália e Holanda.

Apesar do mito de uma nação hipermotorizada, os americanos possuem menos carros de passeio per capita do que os franceses, austríacos, suíços, alemães, luxemburgueses e italianos. Per capita, os americanos dependem de seus carros mais do que os europeus. Mas após uma correção pelo tamanho do país, o uso do automóvel é menor do que na Finlândia, Suécia e Grécia.

De forma semelhante, os americanos produzem muito lixo per capita, apesar dos noruegueses serem piores, e os irlandeses e dinamarqueses serem concorrentes próximos. Mas eles reciclam tanto quanto os finlandeses e os franceses, entretanto mais do que os britânicos, gregos e portugueses. Desde 1990, a produção de lixo pelos americanos pouco subiu per capital, enquanto em todos os países europeus para os quais há números disponíveis, ocorreram grandes aumentos -70% na Espanha, quase 60% na Itália e mais de 30% na Suécia.

"O Velho Mundo se desenvolveu na base de uma coalizão -difícil mas entendida- entre a humanidade e seu meio", afirmou o "The Guardian" aos seus leitores recicladores. "A colonização dos Estados Unidos foi baseada na conquista, não apenas dos povos indígenas, mas também do terreno". Entretanto, apesar destes conceitos europeus comuns, os esforços de preservação americanos são fortes segundo os padrões europeus.

O ativista ambiental Jeremy Rifkin insiste que os europeus -diferente dos americanos- têm "um amor pelo valor intrínseco da natureza. É possível ver o respeito dos europeus pelo interior rural e sua determinação na manutenção da paisagem natural". Na verdade, o percentual de território protegido nos Estados Unidos é quase o dobro do que o da França, Reino Unido ou mesmo da Suécia.

E os produtores rurais convencionais americanos usam muito menos produtos químicos do que seus colegas europeus. Graças em parte ao seu uso de produtos transgênicos, eles usam menos pesticidas. Os italianos usam sete vezes mais, os belgas ainda mais.

Nacionalismo e religião

Apesar das diferenças percebidas em sua economia ou cuidado com o meio ambiente, talvez a diferença fundamental presumida entre os Estados Unidos e a Europa esteja em seus valores. Os americanos são considerados nacionalistas e religiosos, enquanto os europeus são pós-nacionalistas e seculares. Mas mesmo aqui há motivo para duvidar dos estereótipos.

Sim, os americanos são patriotas e nacionalistas mas, segundo a Pesquisa Mundial de Valores (realizado entre 1999 e 2001), não mais do que alguns europeus. Sem causar surpresa, os alemães são os menos orgulhosos de seu país, e um tanto inesperadamente, os portugueses - e não os americanos - são os mais, com os irlandeses empatados em segundo lugar.

Os americanos apresentam maior probabilidade de achar que seu país é melhor do que os outros. Mas um número maior de portugueses, dinamarqueses e espanhóis sente que o mundo seria melhor se outros povos fossem como eles, e um percentual maior de americanos reconhece que há aspectos de seu país que os envergonham do que há na Alemanha, Áustria, Espanha, França, Dinamarca e Finlândia. E os finlandeses, dinamarqueses, noruegueses e suecos são mais dispostos a lutar pelo seu país do que os americanos.

Mesmo em religião, há motivo para questionar a polaridade absoluta entre os Estados Unidos e a Europa. "A religião é palpável nas escolas americanas, nos locais de trabalho e nas instituições públicas", alega o "The Guardian". "Deus é invocado por soldados e políticos de uma forma que seria imprópria no Reino Unido". Estranhamente, o chefe de Estado britânico é conhecido como "Defensor da Fé" e a Igreja estabelecida conta com 26 cadeiras na câmara alta legislativa.

O observador americano da Europa fica frequentemente confuso com as alegações europeias de secularismo, já que as expressões oficiais de religião são tão públicas e mesmo assim -aparentemente- admitidas como algo normal. Uma descrição da crucificação do século 10, por exemplo, faz parte de todo passaporte dinamarquês, independente do fato de seu portador ser -como muitos são atualmente- um muçulmano devoto.

A frequência à igreja e a crença religiosa nos Estados Unidos não está fora da escala europeia se comparadas com as regiões católicas da Europa. Um percentual menor de americanos se considera religioso do que os portugueses e italianos. Proporcionalmente, menos americanos dizem acreditar em Deus do que os irlandeses e portugueses.

Além disso, os sociólogos tendem a explicar a alta frequência à igreja nos Estados Unidos como resultado tanto de forças de mercado quanto espirituais. Uma maior concorrência leva a uma variedade mais rica e maior qualidade de ofertas, enquanto as religiões que monopolizam o Estado na Europa lutam para atender às necessidades espirituais de seus cidadãos. Logo, se a questão então envolve mais oferta e menos demanda, o contraste entre a Europa e os Estados Unidos pode não ser de mentalidades religiosa e secular, mas sim como necessidades espirituais equivalentes são atendidas.

Esta é certamente uma conclusão sugerida ao olhar a postura em relação à ciência em ambos os lados do Atlântico. Sem dúvida, os americanos apresentam maior probabilidade de acreditar no Criacionismo do que os europeus. O criacionista americano moderno, de modo interessante, não mais aceita as Escrituras como motivo suficiente para acreditar na versão bíblica da origem do mundo. O debate é, em vez disso, conduzido no campo da ciência, com os criacionistas analisando minuciosamente as informações da idade do registro fóssil, sugerindo que a evolução ortodoxa tem lacunas e não é uma explicação sem furos, indicando assim sua aceitação de que o mundo moderno fala a língua da ciência.

O reino do charlatanismo científico na Europa, por sua vez, é muito maior do que nos Estados Unidos. Considere a força de posições idiotas evidentes como a posição antivacinação entre a classe média educada ou a rejeição igualmente irracional dos frutos do argumento científico, como o movimento antitransgênicos. Em vários países europeus, a crença na astrologia é maior do que nos Estados Unidos e a homeopatia é usada com mais frequência na Europa.

Assim, se os americanos são, como um todo, mais religiosos do que a maioria dos europeus, isso não significa que tenham menos fé na ciência. As sociedades com forte fé na ciência também podem ter fortes crenças religiosas. É verdade que proporcionalmente menos americanos concordam firmemente com a teoria darwiniana da evolução do que os europeus, exceto na Irlanda do Norte.

Mas, em outros aspectos, os americanos acreditam no projeto do Iluminismo da capacidade da razão humana entender e dominar a natureza. Eles ficam no espaço intermediário europeu na aprovação de testes em animais para salvar vidas humanas. Talvez mais esclarecedoramente, mais alunos americanos concordam com a afirmação de que a ciência os ajuda a entender o mundo do qualquer outro país europeu com exceção da Itália e Portugal.

Indivíduo versus Estado

Eles podem ser científicos, mas os americanos também são considerados como individualistas radicais que vivem em uma sociedade com cotovelos afiados e uma índole de viver e deixar viver. Eles são considerados como incomumente antigoverno em sua ideologia política -praticamente anarquistas, segundo os padrões europeus.

Mas uma pesquisa da Fundação Pew, em 2007, apontou que proporcionalmente menos americanos se preocupavam com um controle excessivo por parte do governo do que os alemães e italianos, com os franceses no mesmo nível e os britânicos apenas um ponto percentual abaixo. E um porcentual maior de americanos confia em seu governo do que todos os europeus, exceto apenas os suíços e noruegueses - apesar de ninguém, verdade seja dita, demonstrar muita fé em seus representantes eleitos.

Mas falar é fácil e estes resultados podem indicar tanto desejo quanto realidade. A confiança dos americanos no aparato de seu Estado pode ser medida mais concretamente em sua disposição de pagar impostos. Diferente de muitos europeus, os americanos pagam os impostos exigidos deles. Apenas na Áustria e na Suíça as economias informais são tão pequenas. A evasão fiscal é três vezes maior que o nível americano na Grécia e na Itália.

O arquétipo do sobrevivencialista de Montana tão apreciado pela mídia europeia - entocado em seu barracão e determinado a resistir às imposições do governo- é tão pouco característico dos Estados Unidos quanto o dos separatistas bascos ou corsicanos -prontos para matar por sua causa- são da Europa.

A verdadeira diferença

Estes são apenas alguns poucos exemplos de quanto o suposto abismo que divide o Atlântico não é, na verdade, tão profundo quanto a palavra dos formadores de opinião e seus veículos faz acreditar. Por que, então, esta noção persiste -apesar de uma visão sóbria de sua base empírica sugerir que é uma pirâmide invertida, com muitas conclusões apoiadas em premissas frágeis.

Por um lado, a imprensa europeia quer os fatos suculentos, provocantes. E os Estados Unidos servem isso. Não é uma cultura acostumada a colocar sua melhor imagem à frente. Há outro país que lava sua roupa suja tão publicamente? Os tablóides britânicos de lado, há outro em que o ventre remendado está tão aberto à inspeção? Daí a fascinação pela imprensa europeia: os diários de viagem tediosos de europeus sofisticados -seja Bernard-Henri Lévy, Jean Baudrillard ou Borat- observando os caipiras americanos e informando com convencida certeza de superioridade a outros europeus sofisticados.

Além disso, as várias culturas da Europa são aquelas ainda impregnadas de estereótipos nacionais e contentes em extrair deles quaisquer elixires que puderem.

Quem pode esquecer de Edith Cresson, a primeira-ministra de Mitterand, que estava convencida de que nenhum francês era gay, enquanto os ingleses eram todos efeminados? Ou considere a extensão com que nenhum europeu -independente de quanto seja politicamente correto - consegue se livrar da convicção de que os ciganos são realmente trapaceiros e ladrões.

Ter um saco de pancada do outro lado do Atlântico é conveniente e serve a propósitos politicamente úteis, especialmente se não houver outras coisas em que possam concordar. Os promotores do antiamericanismo na Europa parecem ter redescoberto o truísmo de que nada une mais do que um inimigo comum.

E o governo Bush foi útil a eles ao oferecer uma abundância de caricaturas. Será interessante ver como os cultos europeus lidarão com Obama assim que ele fizer algo de que não gostem. Enquanto Bush podia ser retratado como um caubói ignorante, com qual dos estereótipos disponíveis eles ousarão atacar Obama?

Aqui nós chegamos à verdade da divisão atlântica. Se há algo que mais separa a sociedade americana da europeia é a contínua presença de uma classe inferior distinta etnicamente. Enquanto outros forasteiros foram assimilados com sucesso, a ressonância trágica da escravidão ainda prevalece nos guetos urbanos negros dos Estados Unidos.

De fato, a remoção da classe baixa negra das estatísticas da criminalidade faz com que os índices de homicídio americanos caiam aos níveis europeus, abaixo dos da Suíça e Finlândia, bem próximo dos da Suécia. As taxas de pobreza infantil, que são escandalosamente altas nos Estados Unidos, caem abaixo das do Reino Unido, Itália e Espanha se olharmos apenas para os números dos brancos. As notas PISA (o ranking mundial de proficiência no ensino médio em 2006) dos brancos americanos ficam acima de todos os países europeus fora a Finlândia e Holanda.

Isso não é uma desculpa para a negligência atroz com que os problemas do racismo são tratados nos Estados Unidos. Mas ele sugere que, muito mais do que qualquer grande oposição às visões de mundo ou ideologias, ainda é o legado não resolvido da escravidão e sua consequência moderna trágica que distingue os Estados Unidos da Europa. Se a eleição de Obama marcará uma virada neste sentido ainda não se sabe.

E se é a classe baixa urbana distinta que mais separa os Estados Unidos da Europa, os europeus devem ficar atentos. Neste sentido, suas sociedades estão ficando rapidamente mais parecidas com a americana. Os índices de natalidade europeus despencaram e a imigração continua forte. É uma certeza demográfica de que uma classe baixa na Europa com distinção étnica e religiosa crescerá nas próximas décadas.

Talvez a Europa tenha melhor sorte. Ao dispor de políticas sociais universais, mercados de trabalho altamente regulamentados e políticas fiscais redistributivas, na crença de que eles todos estão sendo mantidos "na família", por assim dizer, a Europa poderá suportar a expansão de sua comunidade social. Por outro lado, seu tecido social poderá ficar fragilizado.

Ninguém está argumentando que os Estados Unidos são a Suécia. Mas Reino Unido, Itália e nem mesmo a França são. E desde quando a Suécia representa a "Europa" - pelo menos não mais do que o Estado etnicamente homogêneo e socialmente liberal de Vermont representa os Estados Unidos? A Europa não é apenas um continente, e certamente não apenas suas regiões do norte.

Com o ingresso de todos os novos países na União Europeia ela se tornou muito maior. Estes novos membros não são apenas mais pobres do que a Velha Europa. Eles, como os muitos imigrantes recentes da Ásia e da África na Europa, são religiosos, céticos em relação a um Estado forte, sem entusiasmo para votar e alérgicos a altos impostos. Em outras palavras, do ponto de vista da Velha Europa, eles são mais parecidos com os americanos.

E assim, à medida que a Europa expandir, o argumento feito aqui em relação à Europa Ocidental- o de que as diferenças entre os dois lados do Atlântico são exagerados- se tornará irrefutável.


Uma nota a respeito das fontes: Os dados neste artigo vêm de um punhado de organizações que dedicaram esforços significativos para apresentar números que possam ser comparados internacionalmente: ONU, Unesco, Unicef, OMS, FMI, Banco Mundial, Eurostat, Fundo Sutton, Pesquisa Mundial de Valores, OIT, Agência Internacional de Pesquisa do Câncer, Associação Internacional para o Estudo da Obesidade, Instituto de Recursos Mundiais, Agência Internacional de Energia, Programa Internacional de Pesquisa Social e, acima de tudo, a Ocde.


Peter Baldwin (n. 22 de dezembro de 1956 em Ann Arbor, Michigan) é professor de história europeia da Universidade da Califórnia, em Los Angeles. Sua pesquisa se concentra no desenvolvimento de um Estado de bem-estar social. Em setembro de 2009, a Oxford University Press publicará seu mais recente livro, "The Narcissism of Minor Differences: How America and Europe Are Alike".

Tradução: George El Khouri Andolfato

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